Flor e botão, ness’áurea mocidade,
Entre menina e moça, não tem furtas
A um não sei quê gentil das saias curtas
Que iriam muito bem à tua idade.
Tanto assim é, que quem te veja e te ouça,
Te observe o encanto e a graça feminina,
Descobre nos teus gestos a menina
Que em vão se esforça por fazer-se moça.
Moça ou menina, às vezes, em folganças,
Fazes um gesto, arriscas uma frase
Que trai de pronto uma criança quase,
Com toda a graça própria das crianças.
Quem tais contradições nota e examina,
Por muito perspicaz e muito esperto,
Não poderá talvez dizer ao certo
Se és mulher, se és criança ou se és menina.
Tendo as três entre si tal semelhança,
Pode dizer-se bem que a tua idade
Depende da hora e da oportunidade:
És mulher, és menina, és criança
Júlio César da Silva