
Ralha-me, sim, mas ralha, tu, que és boa,
Usando em dose igual, fel e doçura,
Sem lampejos no olhar nem frase dura,
Mas com olhar meigo e a frase que perdoa.
Não faças nunca uma censura à toa;
Quando hajas de o fazer, antes procura,
Adoçando-lhe o fel, uma censura
Que não amargue muito e que não doa.
És ciumenta de mais. Tens o costume,
Que têm, de resto, amantes ou esposas,
De temperar amor com azedume;
Mas sabes bem e confessar não ousas
Que, como o microscópio, tem o ciúme
Essa virtude de aumentar as cousas ...
JÚLIO CÉSAR DA SILVA