Não me apagando a existência
No coração com veemência,
Sinto seu passo apressado.
Ai! Quando, bem adorado,
Minha alma daqui se for,
Disfarça teu dissabor,
Resiste à força veemente,
Mas nunca risques da mente
Lembranças do nosso amor.
Nada tenho que deixar-te
De fortuna nem de glória,
Nada me aponta a memória
Que possa morto legar-te;
Se nada deve ficar-te
Mais que saudade e dor,
bálsamo consolador
À dolorosa ferida
Hão de ser-te nesta vida
Lembranças do nosso amor.
Lembrar um bem adorado
Na dor da saudade ausente,
Inda que seja passado.
Se por ti sempre lembrado,
Como em vida morto for,
Por influxo encantador
Deste mistério profundo,
Hão de ser-te neste mundo
Lembranças do nosso amor
LAURINDO RABELO