
Muita gente sofre por achar que decepciona a Deus, ou que O pega de surpresa quanto ao seu jeito de ser. Por causa disso, arrastam-se pela vida sem saber o que fazer, ou sem fazer o que querem nos momentos em que lhes falta chão para pisar e credibilidade para continuar a caminhada aparentemente sem sentido. Olham para os ímpios que prosperam e são “felizes” e comparam a vida deles com a sua própria, tão infeliz, apesar do seu esforço por ser alguém fiel religioso e amante do bem. Tais pessoas querem ter raiva de Deus, mas morrem de medo de serem destruídas por Ele que, imaginam, não tolera qualquer discordância com relação à Sua vontade para os Seus filhos.
Creio que foi esse sentimento que tomou conta do coração do meu irmão pretérito chamado Asafe, e que me é relatado no Salmo 73. Ali ele deixa bem clara a sua insatisfação com Deus a quem ele considera responsável por premiar os ímpios e corruptos, e pesar a mão sobre alguém tão bom e nobre quanto ele, Asafe. Ainda bem que o seu atrevimento foi longe o suficiente para levá-lo ao templo onde ele, talvez, quisesse “falar umas boas” a Deus no “lugar da sua habitação” e, depois desse desabafo, abandonar a sua fé – desconverter-se.
Mas o inevitável aconteceu. Quando Asafe se aproximou de Deus, foi tocado pela ação restauradora divina e, a mesma boca que imprecava contra Deus, passou a fazer uma das mais lindas declarações (ou profissão) de fé.
Vejam, quando ele foi ao melhor lugar que imaginava poder ir para ter um téte-a-téte com Deus, foi abraçado e acolhido por Ele e restaurado não apenas na sua fé, mas emocional e relacionalmente. Estava à beira da depressão, num tremedal de lama, mas Deus o colocou sobre a rocha firme e lhe devolveu a alegria de viver.
Cuidado, o seu conceito pessoal de Deus e a sua maneira de se relacionar com Ele, podem conduzir você à depressão e ao enfraquecimento moral e espiritual. Vai acabar por se desgostar da vida e por achar Deus injusto. Não faça isso. Você se isolará cada vez mais pois as pessoas, em geral, até se propõem a visitar e ajudar enfermos, mas ninguém gosta de dar as mãos aos deprimidos; quase ninguém gosta de visitar deprimidos..
Você nunca vai decepcionar Deus e nem vai pegá-lO de surpresa. Ele nos conhece e sabe do que somos capazes. Pelo que somos e fazemos, Jesus morreu na cruz.
Não estimulo você a ter raiva de Deus por causa das coisas deste mundo, que existem não pela vontade e concorrência dEle, mas por causa do pecado. Contudo, entre ter raiva dEle e abandoná-lO, é melhor ter raiva e procurá-lO para falar a respeito, pois então, Ele se manifestará a você e lhe restaurará a fé, a alma e a alegria de viver.
Siga a instrução de Jesus. Entre em seu quarto, feche a porta para que ninguém lhe ouça, e rasgue seu coração na presença do único que saberá o que fazer das suas decepções, fraquezas e misérias. Pode crer – isso dá certo. Da presença dEle, ninguém sai de mãos vazias ou decepcionado.
Alvehy Banks